"Minha cartunista favorita, Lynda Barry, tem esse ditado: “Em nossa era digital, não esqueça de usar suas digitais!” Suas mãos são os dispositivos digitais originais. Use-as.
Mesmo amando meu computador, acho que computadores roubaram o sentimento de que estamos verdadeiramente fazendo coisas. Ao invés disso, parece que estamos apenas batendo em teclas e clicando em botões de mouse. É por isso que o trabalho gerado pelo conhecimento parece tão abstrato.
O artista Stanley Donwood, que fez a arte gráfica de todos os álbuns da banda Radiohead desde 1995, diz que computadores são alienantes porque colocam uma placa de vidro entre você e qualquer coisa que esteja acontecendo. “Você nunca pode tocar de verdade o que quer que faça, a não ser que imprima”, diz Donwood.
Observe pessoas usando o computador. Elas ficam tão paradas, tão imóveis. Não é preciso um estudo científico (e há vários deles) para dizer que sentar em frente a um computador o dia inteiro está matando você, e matando seu trabalho. Precisamos nos mover, para sentir que estamos fazendo algo com nossos corpos, não só com nossas cabeças. Trabalho que vem só da mente não é nada bom.
Observe um grande músico numa apresentação. Observe um grande líder numa palestra. Você entenderá o que quero dizer. É preciso encontrar uma maneira de fazer com que nosso corpo seja parte do trabalho. Nossos nervos não são uma rua de mão única – nossos corpos podem dizer aos nossos cérebros tanto quanto nossos cérebros podem dizer aos nossos corpos.
Sabe aquela frase, “pôr o corpo para trabalhar”? Isso é o que há de tão legal na criação: Se simplesmente começarmos a nos movimentar, se arranharmos um violão, ou embaralharmos anotações e recados numa mesa de reunião, ou começarmos a modelar barro, a ação dispara nosso cérebro e o leva a pensar."
(Grifo do livro "Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade, de Austin Kleon)
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