O mundo, a partir de agora,
Não terá mais o seu sorriso,
Ao mesmo tempo largo e tímido,
Nem a sua simpatia reservada,
O seu silencio e sua voz;
Não teremos mais, Manoel,
A honra da sua presença,
Mas o mundo ganhou, com você,
Mais saber sobre si mesmo.
Você construiu uma cidade nova,
Um mundo que não é seu, é nosso,
De todos nós, sempre foi,
Mas não sabíamos:
O mundo das desimportancias,
O valor das coisas inúteis,
O aprender a existir no tempo,
O saber sobre o silencio,
Que fala sem dizer.
Um universo mais amplo, você nos deu,
Onde a palavra delira e a gente ri
De surpresa, ou por constrangimento,
Despidos do óbvio da linguagem,
De sua teia, e abertos ao que acontece.
Ali, na hora, agora.
Agora somos eu e o limo desta parede,
Esta água que corre rasgando a terra.
Você me fez sentir a dor da árvore,
O movimento da ave quando sai do chão.
Cheguei a voar nas asas de uma
Porque deitei nela antes,
Então quando voou eu já estava lá, e fui.
Com a sua didática aprendi a não estar, não ser.
Descobri um modo de descansar de mim.
Eu voei fora da asa. Agora não volto mais.
Para sempre o Brasil e nossa língua portuguesa
Serão gratos a você, nosso querido poeta,
Você nos engrandeceu com o que nos deu
De sua alma.
Para sempre obrigada.
Viviane Mosé.
Esse foi um dia muito triste pra mim... Amava muito o Manoel de Barros, e especialmente nessa época ele me afetava e me inspirava muito. Tanto assim que no primeiro período da faculdade fiz um curta inspirado nele e no seu prezar pelas desimportâncias do mundo. No segundo período, fiz a propaganda do curta, convidando todos a serem apanhadores de desperdícios. Eu venho me exercitando a cada dia para enxergar as inutilidades da vida, e ser uma apanhadora de desperdícios. Embora ele tenha ido, um pedacinho dele ainda vive em mim.
ResponderExcluirBem-vinda, Yael.
ExcluirManoel vive em todos nós, creia. Ele nos ensinou muito e sua obra é uma inspiração eterna para os leitores do mundo.
=)