Tudo que se dá à leitura é texto. Afinar o olhar e saber ler o mundo é poder agir sobre ele, tecendo e destecendo a vida, assumindo a autoria de sua história. Inspirado no poema Ler o Mundo, de Afonso Romano de Santanna (1989), o portal nasceu em 2007 com a missão de mudar a perspectiva do olhar dos meus alunos de Comunicação Social e de Artes e Design da PUC-Rio. E transformou-se numa prática de leitura e de autoria fundamentada na interlocução e na parceria. luizfavilla@gmail.com
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
A dupla existência da verdade
Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um via as coisas com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso dessa dupla existência da verdade.
Fernando Pessoa - Dica de Claudia Bolshaw, professora da PUC-Rio Arte: Roberto Weigand

Esse relato é muito familiar; já presenciei várias vezes a mesma situação. Amigos que, após uma discussão, não cedem de jeito nenhum, seja por orgulho ou por teimosia infantil. Na opinião de cada um, estão certos e com a razão absoluta. Assim, só enxergam o próprio umbigo, a própria verdade, sem nem se colocar no lugar do outro. Será que vale a pena ficar zangado desse jeito um com outro por não aceitar uma verdade ou razão diferente da sua? Em proporções maiores, a amizade pode até acabar por casos assim. Então, porque não ser mais tolerante, mais paciente, mais AMIGO de verdade e procurar entender a discussão? Sou a favor da conversa, do passar a limpo sempre que necessário. Conversando educadamente e com argumentos sensatos, tudo fica mais fácil de ser resolvido, de ser deixado para trás e seguir em frente. É assim que amizades verdadeiras duram bastante, e é desse modo que todo mundo deveria (tentar) agir. O rancor não nos leva a lugar nenhum, muito menos dois amigos que deixam de se falar e tomam direções opostas.
ResponderExcluirPedro, leia a postagem de hoje, dia 11/03. O texto da Eliane é longo mas fala exatamente sobre o tema.
ExcluirVale cada vírgula, creia.
=)