terça-feira, 24 de abril de 2012

Maiêutica.

Sócrates (469-399 a.C.) apresentava o diálogo como uma técnica de perguntas e respostas, à procura da verdade. Ele reunia seus jovens discípulos nas praças públicas, as ágoras, e ia desenvolvendo sua filosofia através de diálogos, cujo ponto fundamental era o auto conhecimento. “Conhece-te a ti mesmoera a recomendação básica. Sócrates considerava que a sabedoria começava pelo reconhecimento da própria ignorância e a superação do saber baseado em idéias préconcebidas. “ sei que nada sei” seria o princípio da sabedoria.


Seu objetivo inicial era, então, demolir a presunção do saber. Interrogava seus discípulos sobre aquilo que pensavam saber. Habilmente ia descontruindo as respostas, até que a ignorância fosse reconhecida. É o que se chama de ironia socrática. Libertos do orgulho e da pretensão de tudo saberem, os discípulos podiam começar a construir suas próprias ideias. Sócrates então os ajudava a concebê-las. Isso era chamado de maiêutica, que significa a arte de trazer à luz.
Bohm, DavidDiálogo: comunicação e redes de convivênciaSão Paulo: Palas Athenas, 2005.

10 comentários:

  1. Mafalda sempre falando com a maior simplicidade as coisas que atormentam a nossa sociedade! Com uma sinceridade que rasga.
    E o texto também ajuda a mostrar as falhas na nossa educação, que ao invés de trazer nossos pensamentos "à luz", os obscurece trazendo conceitos pré-prontos e ideias petrificadas.

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  2. Sinto que passaremos por uma grande maiêutica amanhã. Sempre me divirto com as suas aulas Favilla.

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  3. Falar que concordo com tudo que o texto diz é chover no molhado. O que realmente me chama a atenção é a questão de corretíssima de só conseguirmos aprender a partir do momento em que reconhecemos a nossa ignorância. Pensando nisso, me vem a cabeça a questão da aula de "cuspe e giz".

    Os professores que dão aula desse tipo não despertam no aluno essa questão da ignorância, já que não há nenhuma interação. Obviamente, o ensino nessa fórmula de ensino não é eficiente. Então pensamos em uma "inovação" que seria essa nova forma de dar aula de forma descontraída, de forma a causar uma interação. Nesse texto, vemos que não há "inovação" nenhuma. Sócrates, um dos maiores, se não o maior professor de todos os tempos, já fazia isso há mais de 2.400 anos. Talvez o que falte para alguns professores seja exatamente um diálogo de forma que reconheçam sua ignorância.

    De modo algum culpando os professores unica e exclusivamente por qualquer tipo de ruído no ensino, mas o texto me remeteu a esse pensamento.

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  4. Este "espaço", ou "tamanho" da nossa cabeça pode parecer tão pequeno para "tudo o que vão meter nela" e ao mesmo tempo tão grande diante das poucas coisas que de fato sabemos e armazenamos dentro dela.
    Admitir nossa ignorância é dar um passo para longe dela e um passo para perto do caminho sem fim que é o saber. É angustiante pensar que jamais saberemos tudo o que há no mundo, e ao mesmo tempo saber que "tudo" o que sabemos na verdade não significa nem 1% do que há para saber.
    Sócrates estava correto, mas que é angustiante, isso é.

    Nathália Oliveira

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  5. por que será q conseguimos aprender na ignorância? ou no sofrimento? seria tão mais fácil se não fosse assim mas fazer o que né. eu concordo com tudo do texto pois existem pessoas que acham que acham que sabem de tudo e esse exercício de desconstruir de forma racional essas " verdades absolutas" que as pessoas trazem com elas é muito interessante.
    só nos reconhecemos na ignorância, verdade mais que absoluta.... acho que todas as pessoas deveriam fazer esse exercício, pois assim a vida seria bem mais fácil..

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  6. Os diálogos não só apenas troca de palavras. São troca de informações, notícias e experiências.
    Mafalda traduz essa filosofia de Sócrates brilhantemente.
    Será mesmo que com as conversas que temos no dia-a-dia, todos estão tentando colocar coisas em nossas cabeças?
    Ou será que nós estamos querendo que os outros imponham pensamentos alheios dentro de nós?
    Diálogos e conversas servem para abrir um novo horizonte de pensamentos em nossas mentes, nos levando a refletir sobre determinados assuntos de acordo com um outro ponto de vista.
    Mas não se pode deixar levar pela cabeça do locutor. Um bom ouvinte sabe escutar e tirar proveito do que escuta. Saber ouvir é uma dádiva.

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  7. Guilherme G. Carrapitosábado, março 09, 2013

    É incrível como conhecimentos tão antigos poderiam ser (mas muitas vezes não são) transpostos para o dia de hoje. Seria tão mais fácil se todos pudessem admitir sua ignorância quanto a certos assuntos, se deixassem a soberba de lado para poder libertar a mente para o aprendizado, pois a humildade para aprender é uma das maiores virtudes do ser humano. Mafalda, do seu jeito simples e de forma implícita, é capaz de admitir que tem muito a aprender.

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  8. Uma das atitudes mais admiráveis dos homens é o reconhecimento da sua própria ignorância. Inteligentes mesmo são esses que sabem reconhecer e buscam estar aproveitando todo conhecimento que lhe é oferecido de maneira mais sábia possível, sem qualquer pretensão de tudo saber. Que chato seria ter que conviver o tempo todo com pessoas que tem a prepotência
    de acreditar que sabe de tudo, né? Quando somos jovens é comum que assumamos para nossa vida verdades absolutas, incontestáveis. Porém, é inevitável, com o passar do tempo, cada vez vamos vendo que nem tudo é tão sólido assim, muitas das nossas verdade vão entrando em descrença. Aquilo tudo que achávamos que sabíamos vai indo por água abaixo. Dessa forma, vamos vendo que não sabemos tanto assim das coisas, estamos o tempo todo aprendendo, se renovando. O importante é conseguir reconhecer, ou seja, fazer disso uma arte, o aprendizado que é viver.

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  9. Desconfio que os filósofos sejam representante s de uma evolução do Homo sapiens. Levam o saber do sapiens a outros níveis. Elevam a existência humana que, de tão pequena, fica até perdida. Ainda bem que houve Sócrates na História. Alguém que instigou seus contemporâneos (e depois todos os outros, de todas as épocas) a pensar diferente, a questionar, a conceber suas próprias ideias. A maiêutica é a mãe do “sair da caixinha” tanto usado nos dias atuais e olha quanto tempo tem! Nada é novo.

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