quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Porque me ufano dos meus alunos.















Inspirado no Ateliê de Projetos como Modelo Educacional para Reflexão-na-Ação de Donald Schön (2000),  propus aos alunos do terceiro período de Comunicação Social da PUC-Rio (ciclo básico) a continuidade da mediação do Design em nosso curso como um tipo de construção para seus portfólios de trabalho. 

Após um brainstorm, no qual foram discutidas inúmeras ideias de projetos relevantes para suas vidas e carreiras sustentáveis, definimos alguns caminhos possíveis. Mas deixei ao critério de cada grupo o exercício de afinar o olhar e descobrir oportunidades de projetos de Comunicação Social.

Torrance In Campos (1987) diz que mostrar aos alunos o valor das suas ideias, respeitar o surgimento de ideias originais e fazer com que os estudantes encontrem sozinhos as respostas para as suas perguntas, também são condições facilitadoras para o desenvolvimento da criatividade.

[...] proponho que as escolas superiores aprendam a partir de tradições divergentes de educação para a prática, tais como ateliês de arte e projetos, conservatórios de música e dança, treinamento de atletas e aprendizagem em técnicas de artesanato, os quais enfatizam a instrução, no talento artístico da reflexão-na-ação. (Schön, 2000, p. 6-7)

Fazê-los pensar como designers, planejando ações de pesquisa, observação e experimentação até a definição de suas estratégias de produção, demandou mais tempo do que previsto. Mas eles perceberam e, aos poucos, o novo ritmo de aula foi sendo incorporado e a maioria passou a dar sinais claros de satisfação pelos projetos que estavam a desenvolver. 

Os designers e os publicitários são criadores estratégicos, tarefa das mais trabalhosas desde sempre. Suas soluções não são repentes artísticos e mediúnicos; nada a ver. O resultado final do trabalho de ambos sempre dependeu de minuciosa pesquisa e muita dedicação. Designers e publicitários bem-sucedidos geralmente são pessoas que, proativas, têm vontade de vencer e muita paixão pelo ofício. Aliás, qualidades indispensáveis para obter sucesso em todas as atividades. Foi neste sentido que Thomas Edison cunhou sua famosa frase: “Gênio é composto de 1% de inspiração e de 99% de transpiração” (Stalimir Vieira, 2009).

Os Projetos de Comunicação desenvolvidos, com raras exceções, foram práticas de ensino-aprendizagem que transformaram os alunos em autores. A maioria nunca tinha participado de dinâmicas profissionais. E, após a realização dos projetos, conquistaram competências úteis para suas carreiras.

Dia 24 de novembro, os projetos foram apresentados.  E o resultado me deixou bastante emocionado. Para representar essa nova safra de futuros profissionais escolhi oito projetos, sem ordem de grandeza: 

O primeiro é o Sonhe Mais, de Luciana Morin e Kenzo Osanai. Uma encantadora ação dentro do campus da PUC-Rio, onde os autores aconchegam carinhosamente os alunos que estão colocando o sono em dia no bosque da universidade.

O segundo projeto é de Duda Riedel e Regina Bach. Ambas criaram  a comunidade Somos Femininas, um ensaio fotográfico que demonstra que a feminilidade nada tem a ver com a aparência da mulher.

O terceiro projeto é de Bruna Uller e Thaís Huguenin. A dupla criou e produziu o Única Escolha. Um filme impactante sobre a Educação bancária, a pressão, mecanização e peso do vestibular na vida dos jovens de 18 anos.

O quarto projeto é o Desabafo do Smartfhone. Criado e produzido por Gabriela Mello e Matheus Lino, o filme é um protesto bem humorado contra o uso indiscriminado do aparelho que  idiotiza pessoas de todas as idades.

O quinto projeto é o Observados, de Bruna Zaccaro e Gabriel Rochlin. Inspirados no Show de Truman, os autores criaram e produziram uma incrível obra de ficção (ficção?) sobre o maior reality show da história.

O sexto projeto é o Amigos Ocultos da PUC-Rio. Sabe aquelas pessoas que trabalham dentro da PUC-Rio, fazem a universidade funcionar e a gente nem conhece os nomes delas? Esse é o mote do encantador projeto desenvolvido por Ana Luísa Ferraz e Duda Monteiro que já transpassou os muros da instituição.

O sétimo projeto é o já comentadíssimo pela mídia Hoje eu quero voltar sozinha. Criado, produzido e dinamizado por Bruna Leandro e Sofia Belo, o portal defende o direito da mulher de transitar livremente sem repressão da sociedade. Em menos de um mês, a página já recebeu mais de 25 mil likes e tornou-se um verdadeiro canal de expressão de mulheres de todas as idades que desabafam contra o assédio sexual que sofrem ou já sofreram.

O oitavo projeto é o Desgraças Alheias. Um bem humorado filme criado, produzido e dirigido por Amanda Rebelo Gama e Giulia Rotstein , que satiriza os preconceitos comuns na espécie humana.

Parabéns, meus queridos autores.  Os aqui publicados e os que encantaram as turmas na tarde de segunda-feira. Em vez de realizar trabalhos universitários apenas para ganhar nota numa disciplina do ciclo básico, vocês desenvolveram projetos para colocar no portfólio. Mantenham o foco e voem alto.  Foi um prazer fazer parte da vida de vocês.  =)

2 comentários:

  1. Você é demais! Parabéns por nos inspirar e parabéns aos alunos! Eu já curtia o hoje eu quero voltar sozinha agora vou curtir ainda mais! ;)

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