Só existe generosidade na medida em que percebo o outro como outro e a diferença do outro em relação a mim. Então sou capaz de entrar em relação com ele pela única via possível porque, se tirar essa via, caio no colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como sou - a via do amor, se quisermos usar uma expressão evangélica; a via do respeito, se quisermos usar uma expressão ética; a via do reconhecimento dos seus direitos, se quisermos usar uma expressão jurídica; a via do resgate do realce da sua dignidade como ser humano, se quisermos usar uma expressão moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da comunicação humana, que é o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir da sua experiência de vida e da sua interioridade.
Frei Betto. Arte: Tang Yau Hoong
Muito legal... Lembrei do início da faculdade, das aulas de Teoria da Comunicação. O legal é que pra fazer um trabalho que não pertence ao nosso "mundo" temos que aceitar e entrar no "mundo" do outro. E tudo isso é gera mais cultura, experiencias, amigos, trabalhos e por aí vai....
ResponderExcluirMuito bom esse texto. Muito bom mesmo! A via ideal para sermos generosos expressa sob diferentes pontos de vista foi genial. E o Favilla não poderia perder a oportunidade de postar um desenho do Pequeno Príncipe! hahaha
ResponderExcluirProfessor, como conseguir esse texto completo? Adorei!!!
ResponderExcluirIsso aí, temos que olhar o outro com outros olhos, com mais amor e sensibilidade!
ResponderExcluirGostei.
Mandei procê via imeio, Teté. Desfrute.
ResponderExcluir=)
Lendo Leviatã para a aula de Política, me deparei com este trecho abaixo. Não poderia deixar de compartilhá-lo com vocês neste post, já que trata da importância de ler o 'outro'. Eis a receita:
ResponderExcluir''os homens poderiam realmente aprender a ler-se uns aos outros, se se dessem ao trabalho de 'Lê-te a ti mesmo'(...)O que não pretendia ter o sentido, atualmente habitual, de pôr cobro à bárbara conduta dos detentores do poder para com os seus inferiores, ou de levar homens de baixa estirpe a um comportamento insolente para com os seus superiores.(...)a partir da semelhança entre os pensamentos e paixões dos diferentes homens, quem quer que olhe para dentro de si mesmo, e examine o que faz quando pensa, opina, raciocina, espera, receita, etc., e por quais motivos o faz, poderá por esse meio ler e conhecer quais são os pensamentos e paixões de todos os outros homens, em circunstâncias idênticas. Refiro-me à semelhança das paixões, que são as mesmas em todos os homens, desejo, medo, esperança, etc., e não à semelhança dos objetos das paixões, que são as coisas desejadas, temidas, esperadas, etc. Quanto a estas últimas, a constituição individual e a educação de cada um são tão variáveis, e são tão fáceis de ocultar ao nosso conhecimento, que os caracteres do coração humano, emaranhados e confusos como são, devido à dissimulação, à mentira, ao fingimento e às doutrinas erróneas, só se tornam legíveis para quem investiga os corações.''
Durante a obra, Thomas Hobbes se mostra bem mais pessimista que Fei Betto. A falta da cumplicidade não impossibilita apenas a generosidade e comunicação, mas a paz mundial.
É, eu gosto de pensar que existem seres que respeitam o próximo, que procuram realizar algum tipo de bem ao próximo ou aos próximos. Essa "via curta da comunicação humana, muitas vezes não precisa nem de palavras para se concretizar. Essa comunicação ocorre através de pequenos gestos, olhares, sorrisos. É uma questão de respeito entender os limites e dificuldades do outro, mas se puder ajuda-lo, por que não? É claro que só se pode ajudar a alguém quando este está disposto a receber ajuda, caso contrário suas palavras ou seus atos serão em vão. Acho que além de dignos, temos que ser caridosos. "Fora da caridade não há salvação", sim é uma citação religiosa, mas faz sentido. Outro achismo meu é que uma dos sentimentos mais puros é mais reconfortantes é aquele que sentimos após fazermos uma boa ação, por menor que seja, é ótimo! Dica: ajude mais, faça mais pelos outros e se vc não gosta de pensar assim, pense que está ajudando a si mesmo.
ResponderExcluirPessoas: fico feliz em perceber que vocês também são iluministas.
ResponderExcluirBem-vindos.
=)
Você saber se relacionar é uma das características que acho mais eficiente em todos os meios, tanto no trabalho, como num namoro, um casamento, uma simples visita a algum lugar... Você ser generoso, gentil, simpático sempre atrai coisas boas, faz as pessoas gostarem de você e querer estar perto de você... E quanto a diferença que as pessoas tenham umas com as outras, o segredo é sempre a paciencia. Ser paciente que assim voce vai ver o quanto as virtudes de alguem se tornam mais apreciadas quando tambem existem defeitos!
ResponderExcluirEsse texto me lembrou uma aula de Antropologia Cultural, na qual o professor mostrava que a maneira de raciocinar sobre o outro só mudou quando os antropólogos passaram a usar um novo método de pesquisa, chamado método etnográfico (pesquisador conviver com os pesquisados). É interessante como os pesquisadores deixam de lado o conceito previamente superior em relação aos pesquisados. Depois de se aproximar e participar da cultura alheia, surgiu a ideia de relativismo cultural, que respeita a cultura do outro e as circustâncias a que foram submetidas. Ou seja, as diferenças foram - pelo menos, cientificamente - aceitas e respeitadas. Questão de generosidade mesmo, pegando a via da troca de experiência, que é sempre saudável! :)
ResponderExcluirPara mim, a grande palavra da sabedoria é "respeito". Quando respondi ao "Questionário de Bernard Pivot", essa foi eleita minha palavra favorita! Saber respeitar as diferenças, as dificuldades, as pessoas, respeitar o tempo de cada um, a individualidade, respeitar o próprio corpo, a natureza, respeitar a vida, uma opinião, pensamento... Saber ouvir, criticar construtivamente e compartilhar sem olhar de superioridade ou inferioridade. Com respeito, acontecem trocas enriquecedoras!
ResponderExcluirInteressantíssimo o texto e a forma que o olhar generoso se relaciona com o relativismo cultural. Perceber a diferença é sim a única via possível e respeitar essa diferença é a única forma de se ter uma sociedade unida e sã. O olhar de respeito ao próximo não só anda faltando hoje, como sempre faltou na história da humanidade. Ele é a grande razão para a maioria, quase 100 % dos conflitos e guerras que houveram ao longo da história.
ResponderExcluirRespeito é o que sempre faltou ao mundo e continua em falta hoje em dia.
É uma pena que hoje em dia as pessoas só finjam que escutam. Na verdade muitos só estão calados esperando a vez de falar e sequer ouvem o que é dito. A geração do "espetáculo do eu" que, por exemplo, visita um blog para que o dono desse blog visite o seu. :/
ResponderExcluirPoderíamos ser todos MÃES. A minha sempre me diz que o seu olhar para o mundo se tornou menos crítico e mais generoso quando ela teve filhos. Quando se é criança, é a fase da descoberta do outro, de achar graça ou até mesmo de zombar daquilo que não faz parte de seu universo. A criança só aceita aquilo o que ela quer. Quando somos adolescentes, nosso olhar para o mundo é crítico. O jovem luta para afirmar a sua identidade e não quer aceitar aquilo que projeta como negativo. O adulto aceita o outro porque tem de aceitar, ås vezes é na base da política, é a regra para a boa convivência. Quando o adulto se torna Mãe, o seu olhar generoso e de amor incondicional com o mundo nasce. Sejamos todos mães precoces.Aceitando a diferença, sendo firme quando for preciso e sendo generoso no amor.
ResponderExcluirComo diz o famoso comercial,"ser diferente é normal". Cabe a nós,respeitar essas diferenças,sejam religiosas,físicas,culturais. Mas isso só será possível quando o ser humano aprender a amar ao próximo como a si mesmo.
ResponderExcluir